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Talvez o jogador Ronaldo, do Milan, tenha achado o culpado pelos quilos a mais que lhe renderam os apelidos de “Gordo”, “Gordonaldo” e “Ronalduxo” na última Copa do Mundo. O médico do clube italiano, Jean Pierre Meerseman, declarou em um programa do Milan Channel – o canal de TV do time – que exames revelaram que o atacante seria portador de uma disfunção na tireóide, identificada como hipotireoidismo.
Desde a descoberta do problema e do início do tratamento – feito com uma dieta equilibrada e ingestão de comprimidos – Ronaldo teria perdido 3,5 quilos. E estaria mais animado para treinar. O hipotireoidismo reduz a produção dos hormônios pela glândula tireóide, deixando o metabolismo mais lento e podendo levar à instabilidade do peso, como no caso do craque.
“Mas só o hipotireoidismo não ocasiona uma engorda notável. A pessoa ganha, no máximo, dois, três quilos. Ele deve ter comido um pouco a mais, sim”, acredita a endocrinologista Laura Sterian Ward, membro da diretoria do departamento de tireóide da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e professora da Faculdade de Medicina da Unicamp.
De acordo com a endocrinologista, os hormônios fabricados pela tireóide são “combustíveis” para o organismo. Quando a fabricação deles não está sendo suficiente, a pessoa funciona em ‘câmera lenta’. O resultado aparece em sinais como prisão de ventre, sonolência, pele seca e fria, diminuição dos batimentos cardíacos, intolerância ao frio.
A dona de casa Rosemeire Bernardo, de 45 anos, também perdia o cabelo aos tufos quando teve o problema, que não tem cura, mas pode ser mantido sob controle com medicamentos que estimulam a produção do hormônio tiroxina. “Além dos sintomas físicos, ficava deprimida e irritada”, lembra.
Segundo o endocrinologista Geraldo Medeiros, da Sociedade Latino-Americana de Tireóide, no Brasil, a principal causa do hipotireoidismo é uma inflamação da glândula, chamada Tireoidite de Hashimoto. “Esta doença, de origem auto-imune, faz com que o próprio corpo ataque a tireóide”, explica o especialista. O hipotireoidismo ataca principalmente mulheres com mais de 40 anos de idade.
O tipo mais grave de hipotireoidismo , no entanto, é o congênito, que afeta um a cada quatro mil recém-nascidos. Apesar de ter detecção garantida por lei (no teste do pezinho), muitas crianças não têm acesso ao exame. “A doença pode causar falhas graves no desenvolvimento físico e cerebral”, alerta Laura Ward. O certo é começar o tratamento logo após o diagnóstico. A doença também não tem cura mas, se o tratamento for feito corretamente – com o hormônio levotiroxina, distribuído pelo SUS – a criança pode crescer sem problemas.